VetLab Medicina Laboratorial Veterinária

quinta-feira, 9 de janeiro de 2014

Diagnóstico de tiroidite linfocitária

A tiroidite linfocitária passa por várias fases, podendo ou não durante a  progressão da doença observar-se hipotiroidismo clínico. Graham, Refsal & Nachreiner  (2007) referem as seguintes fases:
1- Tiroidite subclínica, em que há infiltração de linfócitos na glândula, com carácter focal,  dispondo-se os linfócitos muitas vezes à periferia dos folículos tiroideus. A glândula tem um  aspecto histológico normal na sua quase totalidade. Neste estágio da doença, a única alteração  laboratorial é a presença de anticorpos anti-tiroglobulina.
2- Hipotiroidismo subclínico com presença de anticorpos anti-tiroglobulina. Neste estágio da  doença há uma alteração patológica da tiróide em 60 a 70% da sua massa; laboratorialmente  há uma elevação da TSH para estimular o restante tecido da tireóide, de modo a manter os níveis séricos de T4 dentro da normalidade. Nesta fase as células epiteliais foliculares alteram a sua forma histológica de cuboidais para colunares. Para além do já referido aumento da concentração de TSH, observa-se também a presença de anticorpos contra a tiroglobulina, mantendo-se as concentrações séricas de T4 e T3 dentro dos parâmetros normais.
3- Hipotiroidismo clínico com presença de anticorpos. Este estágio atinge-se quando quase  todo o tecido funcional da tireóide foi destruído pela inflamação, e a concentração de T4 não  se mantém estável. Laboratorialmente, além da baixa concentração de T4, regista-se um  aumento na concentração sérica de TSH e existem anticorpos anti-tiroglobulina. Estes dados  laboratoriais, podem só ser encontrados após algum tempo do início dos sinais clínicos de  hipotiroidismo.
4- Hipotiroidismo com atrofia tiroideia e ausência de anticorpos anti-tiroglobulina. Há dados  que sugerem que haja substituição do tecido tiroideu normal por tecido adiposo e tecido  fibroso, com desaparecimento das células inflamatórias, o que vai levar à aparência  histológica de atrofia glandular. A ausência de inflamação nesta fase da doença é devida,  provavelmente, ao desaparecimento gradual de anticorpos da circulação sanguínea. Ainda está  por definir, qual o significado que os animais, que são examinados nesta fase poderão ter no total dos 50% dos animais que consideramos terem hipotiroidismo idiopático, por serem negativos para a presença de anticorpos anti-tiroglobulina.
Nem todos os animais que têm indícios de tiroidite linfocitária evoluem para hipotiroidismo, podendo haver uma progressão lenta ou limitada em alguns cães (Graham et al., 2001).

Anticorpos contra a tiroglobulina
Entre 36 a 50% dos cães com hipotiroidismo são positivos para a presença de anticorpos  contra a tiroglobulina. Estão atualmente disponíveis testes ELISA comerciais para a detecção destes anticorpos, alguns dos quais com valores elevados de especificidade, em que apenas 5% dos cães têm resultados falsos negativos devido a outras endocrinopatias. Estudos referem que a vacinação pode induzir a formação de anticorpos anti-tiroglobulina, mas num trabalho recente não se conseguiu demonstrar a relação causal (Scott-Moncrieff, Glickman, Glickman & HogenEsch, 2006).
Não está provado até ao momento, se todos os cães que apresentam tiroidite linfocitária desenvolvem hipotiroidismo. Num estudo em que 171 cães com anticorpos contra a tiroglobulina foram seguidos por um período de 12 meses observou-se que 4% desenvolveram hipotiroidismo, 13% apresentaram sinais de hipotiroidismo e em 15% os anticorpos desapareceram (Graham et al., 2001).
Especula-se que a progressão da tiroidite linfocitária varie consoante a raça. Deste modo, as  raças com maior incidência de anticorpos anti-tiroglobulina são o Golden retriever, Gran  Danois, Setter inglês e irlandês, Doberman pinscher, Old english sheepdog, Dálmata, Basenji,  Leão da rodésia, Boxer, Maltese terrier, Chesapeake Bay retriever, Cocker spaniel, Shetland  sheepdog, Siberian Husky, Border collie e Akita (Graham et al., 2001). Foi sugerido que, em  animais destinados à criação, deveriam ser realizados testes para a detecção da presença de  tiroidite linfocitária, numa tentativa de serem eliminadas as formas hereditárias dessa doença.  Contudo, permanece ainda por provar se esta medida é, ou não, efectiva (Ettinger & Feldman, 2005).
Animais positivos para anticorpos anti-tiroglobulina e com valores normais de concentração de tT4, fT4 e de TSH deveriam ser regularmente seguidos, reavaliando-se a função da tiróide pela realização de testes específicos em intervalos de tempo regulares (cada 3 a 6 meses). Assim, procura-se controlar a progressão da doença, e o tratamento do hipotiroidismo não deve ser considerado uma opção para estes cães. Além disso, estes animais não devem também ser considerados candidatos a uma terapêutica imunosupressora, pois, os efeitos adversos destas drogas são bastante mais graves do que a suplementação com l-tiroxina isoladamente. Este último caso justifica-se apenas se forem observados sinais ou testes funcionais indicativos da presença efectiva de hipotiroidismo (Ferguson, 2007).

Perfil Tireoidiano Canino Completo
Material: 2,0 ml de soro.
Condições de coleta: Jejum de 4 horas.
Exames realizados: TSH, T4 Livre por diálise, T4 Total, TgAA
Comentários: A maioria dos cães com hipotireoidismo apresenta valores de TT4 baixo (>90% deles), tornando este um teste com elevada sensibilidade no diagnóstico. Por outro lado, cães com outras doenças, muitas vezes, têm baixa de TT4 como parte de sua resposta fisiológica.
O teste de TSH tem > 90% de especificidade no diagnóstico de hipotireoidismo quando utilizado com T4 total ou T4 livre por diálise. Quimioluminescência é o teste mais preciso para dosagem de TSH.
A presença de TgAA no soro é fortemente sugestiva de tireoidite linfocítica imuno mediada que é responsável por mais da metade dos casos de hipotireoidismo canino.
Quase todo T4 circulante está ligado a proteínas transportadoras, deixando apenas uma pequena fração disponível para interagir com os tecidos. Esta fração livre pode ser mensurada por radioimunoensaio após diálise de equilíbrio. O efeito de outras doenças não representa tanta variação para o T4 livre por diálise.
A análise do T4 livre por diálise de equilíbrio é a maneira mais precisa de avaliar a tireóide de um animal. As amostras são dialisadas, separando o T4 livre das proteínas séricas.

Prazo: 5 dias úteis.

Nenhum comentário: