VetLab Medicina Laboratorial Veterinária

quarta-feira, 24 de junho de 2009

Leptospirose

A leptospirose é causada por uma bactéria, a Leptospira interrogans, que é eliminada através da urina de animais, principalmente o rato de esgoto, e sobrevive no solo úmido e na água. As inundações facilitam o contato da bactéria com seres humanos. A Leptospira interrogans pode penetrar no organismo através do contato da pele e de mucosas com a água e a lama das enchentes. A infecção também pode ocorrer por ingestão, uma vez que as inundações podem contaminar a água de uso doméstico e os alimentos.
A leptospirose canina ocorre principalmente pelos sorovares Icterohaemorrhagiae, Copenhageni e Canicola, cujo curso pode variar de sub-clínico, agudo ou crônico. Várias são as manifestações clínicas, que podem incluir ou não a icterícia, dependendo do sorovar infectante. Na forma aguda pode causar a morte do animal por insuficiencia renal e hepática, aqueles que sobrevivem à infecção tornam-se portadores e excretores de leptospiras pela urina de forma assintomática, disseminando a doença para outros cães, outras espécies animais e o homem. Na zona rural, as características do habitat e a presença de animais silvestres assumem grande importância para as criações de animais de produção (bovinos, bubalinos, suínos, eqüinos, ovinos e caprinos). Nessas, a leptospirose se constitui em uma enfermidade reprodutiva responsável pela quebra na produção de leite e carne em função da infertilidade e do abortamento, ocorrendo mais freqüentemente pela infecção pelos sorovares Hardjo (Hardjobovis ou Hardjoprajitno), Pomona, Grippotyphosa e Icterohaemorrhagiae. No gado leiteiro, o aparecimento de mastite flácida com agalactia e pequena quantidade de sangue no leite também tem sido verificado. Nestes casos, ocorre a diminuição na produção do leite que dura de 2 a 10 dias (Sindrome da Queda do Leite ou Milk Drop Syndrome). O leite torna-se amarelado, com consistência de colostro, grumos grosseiros e elevada contagem de células somáticas.

No caso de animais de produção ou de companhia, o médico veterinário deve ser chamado sempre que houver suspeita da doença, não somente pelos prejuízos no plantel, mas, sobretudo, por tratar-se de uma zoonose que implica no estabelecimento imediato de medidas de controle e de prevenção para que sejam minimizados os riscos de disseminação entre as pessoas de contato com estes animais.

Para se entender melhor a transmissão da leptospirose, é preciso que se conheça a sua epidemiologia. As portas de entrada para as leptospiras invadirem o organismo dos hospedeiros vertebrados são pele e membranas mucosas: conjuntiva, nasofaríngea e genital. Nas inundações, a imersão em águas contaminadas com leptospiras permite a penetração devido à eliminação de barreiras naturais protetoras da pele, mesmo íntegra.

A habilidade em sobreviver e multiplicar é o maior componente de virulência das leptospiras. Imediatamente após a penetração no hospedeiro, quer seja animal ou humano, elas se disseminam rapidamente por via linfática e sanguínea. Enquanto as leptospiras não patogênicas são rapidamente destruídas pela fagocitose reticulo-endotelial, as patogênicas escapam a fagocitose e rapidamente se multiplicam exponencialmente na corrente sanguínea atingindo os vários órgãos. Cerca de 5-7 dias após a infecção aparecem os primeiros sintomas. Com o aparecimento dos anticorpos (imunoglobulinas específicas) a multiplicação diminui ou cessa e o hospedeiro pode se recuperar ou vir a óbito, pelo efeito da intensa multiplicação ou mesmo pelas lesões decorrentes da infecção.

Nos animais que sobrevivem à infecção aguda, as leptospiras persistem em sítios imunologicamente protegidos como túbulos renais proximais, câmara anterior do olho e trato genital e tornam-se portadores renais ou genitais, e importantes fontes de infecção para novos susceptíveis.

Nos animais prenhes, após alcançarem a circulação sanguínea ou corrente linfática, atingem o útero e a placenta em qualquer estágio de gestação, alcançam o feto que morre por leptospirose sendo expulso cerca de 24 horas depois.

Para saber mais:
http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/leptospirose_oquefazer.pdf

http://www.cives.ufrj.br/informacao/leptospirose/lep-iv.html

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