VetLab Medicina Laboratorial Veterinária

terça-feira, 17 de novembro de 2009

OTITE EXTERNA EM CÃES E GATOS

A otite externa é uma inflamação aguda ou crônica do epitélio do conduto auditivo externo. Pode se caracterizar por eritema, edema, aumento do sebo ou exsudato, e descamação do epitélio. O canal auditivo pode se apresentar com uma condição dolorosa ou pruriginosa, dependendo da causa ou a duração. É a doença mais comum do canal do ouvido em cães e gatos, é visto ocasionalmente em coelhos (em que geralmente é devido ao ácaro Psoroptes cuniculus), e é rara em animais de grande porte. Fatores internos e externos podem diretamente induzir inflamação e prurido no conduto auditivo. A identificação desses fatores é fundamental para uma gestão bem sucedida.
Etiologia:
As causas da otite externa foram agrupados em 3 áreas. Fatores primários são condições da doença que causam diretamente a otite. Os fatores predisponentes são as condições que colocam em risco de desenvolvimento da otite média. A perpetuação de fatores tendem a impedir a resolução da otite média. Muitas vezes, os 3 fatores estão envolvidos, mas cada categoria deve ser identificada e tratada separadamente. Desta forma, um prognóstico mais preciso pode ser previsto, um plano específico terapêutico formulado, garantindo os melhores resultados possíveis do tratamento.

FATORES PRIMÁRIOS incluem parasitas (Otodectes, Psoroptes, Sarcoptes, Demodex spp), corpos estranhos (capim, poeira, medicamentos), tumores (adenoma, pólipos inflamatórios), hipersensibilidade (atopia, sensibilidade alimentar, dermatite de contato), transtornos de queratinização, hipotireoidismo, doenças auto-imunes, celulite juvenil, e irritantes (produtos de limpeza, etc.)

Os FATORES PREDISPONENTES da doença são muitas vezes congênita ou ambientais e incluem a conformação (canal de orelha estreitos), maceração do canal auditivo de tratamento excessivo ou orelha do nadador, e sistêmica. Pequenas mudanças no microclima podem alterar o delicado equilíbrio das secreções normais e microflora e resultar em infecções oportunistas. Qualquer doença que afeta respostas normais aos patógenos podem predispor o canal do ouvido para infecções oportunistas.

Os FATORES DE PERPETUAÇÃO incluem bactérias, leveduras, otite média e alterações patológicas progressivas. Uma vez que o ambiente do canal auditivo tenha sido alterada por uma combinação de fatores primária e predisponentes, infecções oportunistas e mudanças patológicas ocorrem, o que impedem a resolução da doença. Alterações patológicas crônicas no ouvido também pode refletir uma doença sistêmica ou generalizada da pele. A menos que todas as causas sejam identificadas e tratadas, o retorno pode ser esperado.

DIAGNÓSTICO:
O exame clínico e uma história dermatológica minuciosa podem fornecer informações sugestivas de problemas primários (por exemplo: genéticos, distúrbios de hipersensibilidade, queratinização). Um exame físico e dermatológico pode fornecer pistas relacionadas com diagnóstico hormonal, endócrino e doenças imunológicas que também afetam o ouvido. Um perfil dermatológico, e a cultura de fungos e bactérias deve ser realizado.
Pavilhões auriculares e regiões periauriculares devem ser inspecionados para a evidência de auto-trauma, eritema e lesões cutâneas primárias e secundárias.
Para animais com sinais unilaterais, a orelha não afetada deve ser examinada em primeiro lugar para evitar a contaminação iatrogênica do ouvido afetado com organismos (por exemplo: Pseudomonas aeruginosa e Proteus mirabilis), que podem estar presentes no ouvido doente. O ouvido não afetado pode, de fato, estar doente, necessitando de uma adaptação da lista de diagnóstico diferencial para incluir causas de otite bilateral.

Durante uma otoscopia, o canal auditivo deve ser inspecionado para mudanças de diâmetro, alterações patológicas na pele, quantidade e tipo de exsudato, parasitas, corpos estranhos, neoplasias, e as alterações na membrana timpânica. A membrana timpânica deve ser examinada para evidência de doença ou de ruptura. No entanto, em muitos casos de otite externa, a membrana timpânica não pode ser visualizado até que todo o exsudato seja gentilmente lavado do canal.

Os canais de orelha externa da maioria dos cães e gatos abrigam um pequeno número de comensais gram-positivos. Estes organismos podem se tornar patogênicos, se o microambiente é alterada para incentivar crescimento exagerado desses organismos. Um esfregaço corado pode determinar rapidamente se o crescimento de micróbios está presente. Cocos bacterianos são geralmente estafilococos ou estreptococos. Bacilos gram negativos são geralmente Pseudomonas aeruginosa e Proteus mirabilis, a sua aparição em um grande número indica que a cultura bacteriana com antibiograma deve ser realizada por causa de sua resistência a muitos agentes antimicrobianos. A presença de neutrófilos fagocitando muitas bactérias patogênicas confirma a natureza dos organismos.
A levedura Malassezia pachydermatis é encontrado em baixos números nos canais da orelha de muitos cães e gatos normais. Não mais do que 2-3 organismos por campo de devem estar presentes em qualquer conjunto de células de um animal normal. Quando as leveduras não identificados ou organismos de hifas são vistas em grande número nos esfregaços citológicos, as espécies devem ser identificadas através da cultura. Infecções mistas, especialmente com cocos gram-positivas, são comuns.

Um exsudato escuro no canal geralmente sinaliza a presença de qualquer Malassezia spp ou um parasita, mas também pode ser visto com uma infecção bacteriana ou mista. Além de citologia corada, o exsudato deve ser examinado para ovos, larvas ou adultos do ácaro da orelha Otodectes cynotis em cães e gatos.

EXAMES RELACIONADOS:

Citologia Otológica
Material: swab sem meio de transporte ou lâmina.
Condições de coleta: Não estar em uso de medicação tópica.
Método: Microscopia.
Prazo: mesmo dia.

Cultura de Fungos
Material: Diversos. Enviar em até 14 dias para material de descamação de pele, pelos e unhas em temperatura ambiente.
Condições de coleta: No caso de pêlos, preferencialmente não estar em uso de medicamentos tópicos pôr no mínimo duas semanas, evitando desta forma resultado falso negativo. Deve-se fazer uma boa assepsia no pêlo do animal utilizando álcool devido à presença de microorganismos saprófitas que podem interferir no resultado do exame. Para colheita em animais de pêlos longos realizar tricotomia parcial, deixando os pêlos com no máximo 0,5 a 1,0cm de comprimento. Retirar os pêlos com uma pinça. Pêlos devem ser acondicionados em frascos estéreis e secos.
Para cultura de lesões profundas enviar a secreção em seringa ou "swab sem meio" da secreção, manter entre 2 0C e 8 0C.
Prazo: 28 dias corridos. No caso de leveduras 7 dias.

Antifungigrama
Material: diversos
Condições de coleta: É necessário a realização da cultura de fungos anteriormente.
Conservação para Envio: Biopsia de tecido, liquor, urina e sangue: entre 2o e 8o C. Pelos, raspado cutâneo, unha: temperatura ambiente.
Outros laboratórios: Enviar a cultura de fungos ou o microorganismo isolado.
Indicação: Otites por Malassezia ou Candida, Dermatófitos, Aspergilose, Infecções por fungos sistêmicos,...
Antifúngicos Testados: Anfotericina B 100mcg; 5-Fluorocitosina 1mcg; 5-Fluorocitosina 10mcg; Nistatina 100U.I.; Econazol 50 mcg ; Clotrimazol 50 mcg; Miconazol 50mcg ; Ketoconazol 50mcg; Fluconazol 25mcg ; Itraconazol 10mcg
Prazo: 7 dias, após o isolamento do fungo


Cultura e Antibiograma (aeróbios)
Material: Diversos.
Condições de coleta: Não estar em uso de antibióticos por no mínimo 7 dias. Colher o material o mais diretamente possível da lesão.
Ouvidos: realizar rigorosa anti-sepsia da região externa e colher com "swab".
Enviar a amostra, imediatamente, após a coleta ao VetLab ou solicitar meio de transporte apropriado (Swab c/ meio de Stuart), caso o material só possa ser entregue após 2 horas
Prazo: 6 a 8 dias.

Perfil Otite
Material: 2 swabs; 1 com meio e outro sem
Condições de coleta: Não estar em uso de medicamentos tópicos e preferencialmente não estar fazendo uso de antimicrobianos por 10 dias.
Exames realizados: Citologia otológica, cultura para leveduras, e cultura e antibiograma
Prazo: Citologia mesmo dia, cultura e antibiograma 3 dias e cultura de leveduras 10 dias.

Perfil dermatológico
Material: Raspado de pele em óleo mineral, swab (sem meio) da lesão e pêlos
Condições de coleta: Não estar em uso de medicamentos tópicos.
Exames realizados: GRAM, Pesquisa de Ectoparasitas e Micológico direto
Prazo: Mesmo dia.

2 comentários:

Anônimo disse...

QUAL TRATAMENTO BÁSICO NA AJUDA DE CONTROLE PARA NÕ AUMENTO DE OTITE?MAIS DE ANO TRATANDO E MEU CÃO NÃO É CURADO.AGUARDO ANCIOSA UMA ORIENTAÇÃO OS MÉDICOS A OS QUAIS RECORRI NÃO CONSEGUI RESULTADO POSITIVO NA CURA.

Anônimo disse...

Vc deve saber qual microorganismo está sofrendo seu animal, através dos exames complementares. Sendo assim possível o.diagnóstico de seu cão