VetLab Medicina Laboratorial Veterinária

sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Insuficiência renal: A importância de uma detecção precoce






A insuficiência renal pode ser classificada de duas maneiras: aguda (IRA) ou crônica (IRC). A IRA é caracterizada por uma falha renal súbita que conduz a alterações rápidas da bioquímica sanguínea e do equilíbrio eletrolítico, afetando por tabela todos os sistemas do organismo. Nesta situação, a lesão renal pode ser provocada por toxinas, diminuição do aporte vascular renal, hipoxia renal, infecções ou quadros obstrutivos. Dentro as causas infecciosas a leptospirose é muito comum.

Já a IRC, ocorre de modo insidioso e a lesão renal pode progredir lentamente, dentro das causas mais frequentes destacam-se a fibrose renal, amiloidose, lipididose renal, doenças infecciosas, intoxicações, lesões isquémicas, hipoxia tecidular. Patologias como a leishmaniose e a erliquiose canina devem ser sempre descartadas em pacientes insuficientes renais crônicos, dada a grande incidência destas doenças no nosso país.

Saber diagnosticar

A manifestação das insuficiências renais agudas e crônicas são diferentes. Em pacientes com IRA os sinais surgem subitamente e normalmente com maior gravidade, enquanto nas IRC podem ser muito ténues, é de suspeitar de IRA em todos os pacientes com vômitos, diarreia, desidratação súbita e prostração. Já os animais com IRC podem apresentar “apenas” perda de peso, vômito intermitente, poliúria e polidipsia, anemia e hipertensão. Estes são os sintomas mais frequentes e que motivam a consulta.

Depois, o médico veterinário também poderá aperceber que está perante uma insuficiência renal quando observa algumas alterações nos exames de sangue e urina.

Quanto à urianálise, deve incluir

a) EAS – muito importante avaliar densidade urinária, proteinúria, sinais de infecção urinária, glucosúria, etc… os cães em estádio I (não azotemicos) podem apresentar densidade urinária baixa e proteinúria;

b) PU/CU – importante quando não existem sinais de inflamação ou hemorragias do trato urinário inferior. Deve ser sempre realizado em cães suspeitos de IR;

c) Cultura urinária – recomendada em todos os pacientes com IRC.

Mas não é só a urina que deve ser examinada, a análise hematológica também é fundamental para o diagnóstico e deve incluir um hemograma completo com contagem de reticulócitos; bioquímicas (uréia, creatinina, fósforo, cálcio ionizável, cloreto, sódio, potássio, albumina, proteína total); e ELISA para Ehrlichia, Babesia e Leishmaniose.

Outra questão que salienta é que os pacientes com IRA ou com quadros de agudização de IRC devem ser hospitalizados em cuidado intensivo, dada a gravidade da situação. Os princípios terapêuticos são na sua essência sintomáticos, pois visam controlar os sintomas e as alterações metabólicas induzidas pelo mau funcionamento renal de modo a estabilizar o paciente e manter o seu bem-estar.

Detectar precocemente

O futuro tem como base a prevenção e o rastreio. Neste sentido, como médicos veterinários, devemos aconselhar desde a primeira consulta, de modo a sensibilizar os donos para a necessidade de atuar com vista a prevenir.

Por isso, aconselhamos algumas medidas que devem ser adoptadas como essenciais: o rastreio através de exames de rotina em animais em princípio de idade geriátrica, rastreio mais frequente de doenças infecto-contagiosas, aconselhamento dietético apropriado, controle de patologias renais em raças predispostas (por exemplo, doença policística em gatos), bom aconselhamento de higiene oral, rastreios de função cardiovascular em raças predispostas e em todos os animais geriátricos.

Afinal, o tratamento é sempre mais efetivo quando a patologia é detectada precocemente. Existem algumas ferramentas de tratamento como a diálise peritoneal, a hemodiálise e o transplante renal que fogem à ordem comum de tratamento na maior parte dos centros veterinários.



http://www.vetlaboratorio.com.br/clinicas-e-veterinarios/programa-de-deteccao-precoce/

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