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sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

Bactérias Indutoras de Betalactamase



As betalactamases formam um grande grupo de enzimas que são capazes de hidrolizar o anel betalactâmico de penicilinas, cefalosporinas e monobactâmicos (antibióticos betalactâmicos). Dentre as betalactamases, destacam-se as betalactamases de espectro ampliado (Extended-Spectrum Betalactamase - ESBL). A produção de ESBL é mediada por plasmídeos que conferem ampla resistência aos antimicrobianos que contém o anel betalactâmico em sua estrutura e agem neste anel betalactâmico rompendo-o e inativando assim, o antibiótico. Escherichia coli e Klebsiella pneumoniae são as espécies bacterianas mais comumente encontradas produzindo ESBL, a detecção destas enzimas já foi observada em diversas outras espécies de Enterobacteriaceae e Pseudomonadaceae. Animais com infecções por enterobactérias produtoras de ESBL não devem ser medicados com antibióticos betalactâmicos, o que acarretaria em falha terapêutica e agravamento do quadro infeccioso.
Silva & Salvino em 2000, dizem que um longo período de hospitalização e o uso abusivo de cefalosporinas de terceira geração são fatores de risco primordiais para a disseminação de surtos por bactérias produtoras de ESBL; O papel do laboratório de microbiologia clínica é de extrema importância para o diagnóstico, visto que é a partir da análise do antibiograma que o Veterinário deve prescrever o antimicrobiano ao animal. Se o Veterinário prescrever um antibiótico betalactâmico para o paciente portador de uma infecção por bactéria produtora de ESBL poderá acarretar em falha terapêutica, seja por erro do laboratório que pode não ter detectado a produção da enzima ou por equívoco do Clínico ao indicar uma droga dotada de anel betalactâmico.
Assim, o animal não vai responder positivamente ao tratamento e pode ocorrer agravamento da infecção, pois com a diminuição da flora bacteriana normal (que pode se demonstrar sensível ao betalactâmico), certamente ocorrerá uma diminuição da competitividade com a flora normal a depender do sítio anatômico da infecção. Como a produção de ESBL pode ocorrer espontaneamente, há a possibilidade dessa produção se evidenciar no decorrer do tratamento. Então, o paciente que estaria respondendo positivamente à uma infecção por uma bactéria não produtora de ESBL, passa a demonstrar um agravamento do quadro infeccioso e ocorre recidiva da infecção. Uma nova amostra do material clínico pode detectar a presença da produção de ESBL, o que pode ser interpretado, erroneamente, como erro laboratorial. As drogas que a totalidade dos autores recomendam para o tratamento das infecções por bactérias produtoras de ESBL são os carbapenêmicos (imipenem e meropenem), por estas drogas não sofrerem hidrólise pela ESBL.

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1. Nathisuwan S, Burgess DS, Lewis JS. Extended-spectrum beta-lactamases: epidemiology, detection and
treatment. Pharmacotherapy. 21(8): 920-8, 2001.
2. Soares MA. Resistência Antibiótica. Pharmacia Brasileira, p. 59-62, Jan/Fev 2001.
3. Barbosa HM, Torres BB, Furlaneto MC. Microbiologia Básica. Ed. Atheneu, São Paulo, 1998.
4. Silva CHPM. Bacteriologia - Um texto ilustrado. Ed. Eventos, Teresópolis/RJ, 1999.
5. Farah Solange Bento, DNA - Segredos & Mistérios. Ed. Sarvier, São Paulo, 1997.
6. Silva CHPM, Salvino CR. Importância do Reconhecimento das Enterobactérias Hospitalares Produtoras
de Beta-lactamases de Espectro Estendido (ESBL) e suas Implicações Terapêuticas. Newslab (41):
104-112, 2000.

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