As principais bactérias responsáveis pelos episódios de ITU em cães e gatos são: Escherichia coli, Proteus, Klebsiella, Enterobacter, Pseudomonas, Staphylococcus, Streptococcus e Enterococcus, sendo que, dentre estas, a E. coli é a mais prevalente
Existem vários tipos de antibióticos, cada um com uma atividade específica.
Para que a droga usada tenha a eficácia que se pretende, é necessário conhecimento de alguns critérios. Os principais pontos a serem seguidos são:
a) Conhecimento do agente etiológico.
b) Boa tolerância pelo animal, não possuindo efeito imunodepressor.
c) Ação e efeito antimicrobiano seletivo.
d) Manutenção dos seus efeitos bactericidas, sem chances para a bactéria desenvolver resistência.
e) Amplo espectro de ação do antibiótico.
f) Sensibilidade do microrganismo à droga. (Deve-se usar o Antibiograma para se obter essa informação).
g) Atoxidade para o organismo animal.
h) Ação bactericida preferencialmente
i) Alta concentração da droga no local da infecção.
j) Ser excretado ou metabolizado regularmente pelo organismo.
l) Baixo custo de produção e facilidade de aquisição.
Ampicilina e amoxicilina são bactericidas e relativamente não tóxicos, com um espectro de atividade anti-bacteriana maior do que a Penicilina G. Eles possuem uma excelente atividade contra estafilococos, estreptococos, enterococos, e Proteus, e podem atingir concentrações urinárias elevadas o suficiente para serem eficazes contra E. coli e Klebsiella. Pseudomonas e Enterobacter são resistentes. Absorção de ampicilina é também afetada pela alimentação.
A vancomicina é um bactericida que atua por inibição da síntese da parede das bactérias sensíveis. É um antibiótico de espectro reduzido, atuando exclusivamente contra Gram-positivos. Sua principal indicação é o tratamento de infecções produzidas por Staphylococcus e Streptococcus resistentes a outros antibióticos. O uso de Vancomicina nos antibiogramas não é mais recomendado pelo CLSI, para verificação da sensibilidade dos Staphylococcus, por não apresentar resultados confiáveis pelo método de difusão em disco.
Enrofloxacina, ciprofloxacina, difloxacina, norfloxacina e marbofloxacina são todos fluorquinolonas aprovados para ITU em cães, embora todos sejam usados em gatos, apenas alguns são aprovados para este uso. Todas as fluorquinolonas têm uma excelente atividade contra estafilococos e bactérias gram-negativas, mas pode ter uma atividade variável contra estreptococos e enterococos. Eles são uns dos poucos antimicrobianos administrados por via oral com eficácia contra Pseudomonas. Portanto, as fluorquinolonas devem ser reservadas para ITU que envolve bactérias gram-negativas, especialmente de Pseudomonas e, por ITU em cães machos intatos devido ao seu excelente penetração na glândula da próstata e da atividade em abcessos. Uma vez que as Pseudomonas spp tornam-se resistentes às fluorquinolonas, não existem outras opções terapêuticas que são convenientes para o proprietário.
Gentamicina, amicacina e os outros aminoglicosídeos possuem excreção renal, eliminando o agente na sua forma ativa. A ocorrência de nefropatia pode provocar níveis altos de aminoglicosídios na circulação, favorecendo a toxicidade. Devem ser considerados para tratamento hospitalar quando o microorganismo for resistente as quinolonas.
Nitrofurantoína é um derivado nitrofurânico utilizado especificamente para tratamento das infecções urinárias, principalmente em cães. As bactérias usualmente sensíveis a este antimicrobiano são a Escherichia coli, Staphylococcus spp., Streptococcus spp. e Enterobacter spp. Porém,É usado para infecções causadas por E. coli, enterococos, estafilococos, Klebsiella, e Enterobacter.
As tetraciclinas são antimicrobianos de largo espetro, mas por causa da resistência mediada pelos plasmídeos, a susceptibilidade é variável para estafilococos, enterococos, Enterobacter, E. coli, Klebsiella e Proteus. Na maioria dos tecidos, Pseudomonas spp são resistentes. No entanto, as tetraciclinas são excretadas inalteradas na urina, as concentrações urinárias tão elevadas podem resultar em efeito terapêutico. A doxiciclina é uma tetraciclina muito solúvel em lipídeos, é mais bem tolerada em gatos e atinge concentrações terapêuticas na próstata, mas é eliminada na bílis e excretado diretamente para dentro do intestino, não sendo útil para a maior parte das ITU.
Cotrimoxazol é uma combinação de duas drogas muito diferentes que agem sinergicamente em diferentes passos na via do ácido fólico bacteriana. Trimetoprim é uma droga, bacteriostática que tem um elevado volume de distribuição e eliminação de meia-vida curta, enquanto que as sulfonamidas são bacteriostáticos, com um volume médio de distribuição e longas semi-vidas. Embora a combinação faz penetrar a barreira sangue-próstata, medicamentos de sulfa são ineficazes na matéria purulenta. A combinação de TMP / sulfa é sinérgica e bactericida contra os estafilococos, os estreptococos, E. coli, e Proteus. Atividade contra enterococos e Klebsiella é variável e Pseudomonas é resistente. TMP / sulfas estão associados a um número de efeitos adversos, e a terapia de baixa dose crônica pode resultar na supressão da medula óssea e ceratoconjuntivite seca em cães
A cefalexina, o cefadroxil, e a cefradina são cefalosporinas absorvíveis por via oral, possuem espectro, potência de ação e farmacodinâmica semelhantes. Caracterizam-se por sua excelente absorção por via oral, ligando-se pouco às proteínas plasmáticas, em torno de 10 a 15%; são eliminadas por via renal, tanto por filtração glomerular como por secreção tubular. A cefalexina não é metabolizada, e mais de 90% da droga é eliminada na urina.
A cefoxitina, assim como outras cefalosporinas de segunda geração, possui amplo espectro de ação, devido à resistência à inativação por betalactamases produzidas por germes gram-positivos e gram-negativos. Possui uma ação excelente contra Staphylococcus intermedius, Escherichia coli, Klebsiella pneumoniae, Pasteurella multocida, anaeróbios obrigatórios e Streptococcus b-hemolíticos, sua atividade contra Proteus mirabilis é entre boa a excelente, e a eficácia contra Bordetella bronchiseptica é razoável. A cefoxitina apresenta uma meia-vida de aproximadamente 60 minutos, liga-se a proteínas plasmáticas em cerca de 65%, não sofre metabolização e é eliminada por via renal de modo inalterado dentro de 6 a 12 horas. Nos pacientes com insuficiência renal moderada o intervalo recomendado é de 12 horas, enquanto que nos pacientes com insuficiência renal grave o intervalo entre as doses deve ser de 24 horas.
Cefalosporinas podem aumentar os valores de creatinina no plasma determinados pelo método colorimétrico de Jaffé em até 50%. Monitore os animais dosando creatinina pelo método Enzimático
As cefalosporinas da terceira geração são menos ativas contra bactérias gram-positivas e anaeróbios, ou seja, as cefalosporinas de primeira e segunda gerações mostram-se mais efetivas contra cocos gram-positivos. Os antibióticos pertencentes a este grupo caracterizam-se por apresentar elevada atividade contra bactérias gram-negativas, inclusive as resistentes às cefalosporinas da primeira e da segunda gerações. Apresentam grande estabilidade frente às beta-lactamases, não sendo inativadas por grande número destas enzimas produzidas por bactérias gram-negativas.
O ceftiofur é extensamente metabolizado no fígado e seus metabólitos são excretados inativos na urina e nas fezes.
A ceftazidima apresenta uma meia-vida de 1,8 horas e sua ligação a proteínas plasmáticas é baixa, em torno de 17%. Não sofre metabolização hepática, eliminando-se por filtração glomerular (80 a 90% da droga administrada). Em pacientes com insuficiência renal a dose e a dosagem devem sofrer ajustes.
A ceftriaxona é eliminada pela urina (de 40% a 65% sobre a forma intacta de ceftriaxona) e o resto pela bílis.
O imipenem é um beta-lactâmico com propriedades gerais similares aos demais componentes do grupo, mas com a vantagem de atuar bem sobre determinadas bactérias de difícil combate, como por exemplo, Pseudomonas aeruginosa. É eficiente numa ampla gama de agentes, mas tem sido reservado para o combate de infecções hospitalares produzidas por vários agentes simultaneamente. Comercialmente, vem sempre associado a um composto denominado cilastatina, que aumenta sua concentração renal, permitindo sua utilização no tratamento de infecções urinárias. É uma droga cara.
A droga não é absorvida pelo trato gastrointestinal, devendo ser administrada pelas vias endovenosa ou intramuscular. A distribuição é ampla, mas não atravessa a barreira hematoecefálica. Cerca de 75% da droga administrada é excretada pela urina e os restantes 25% através de um território extra-renal ainda não definido.
Recentemente o Ministério da Agricultura proibiu a utilização do cloranfenicol em animais de produção no Brasil, em virtude do potencial de toxicidade dos resíduos presentes nos produtos destinados ao consumo humano. O mesmo órgão veio, mais recentemente, proibir a utilização também em equinos e determinar o recolhimento de todos os produtos à base de colaranfenicol das prateleiras das lojas de produtos veterinários.
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